A Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, do governo de São Paulo, mantém um site chamado Termômetro Nacional do Emprego. A ideia é ajudar a pessoa a saber quais suas chances no mercado de trabalho por meio de um formulário online.
Uma amiga, que é negra, resolveu fazer um teste. Ao preencher o formulário, ela descobriu que uma mulher com ensino superior completo, solteira e sem filhos pode esperar ganhar entre R$ 659,00 e R$ 1.461,00, se for branca. Já uma mulher na mesma situação, só que negra, deve baixar suas expectativas para um salário entre R$ 590,00 e R$ 1.309,00.
Minha amiga ficou vexada. Acha que começar uma busca por trabalho assim, desanima.
A Economist Intelligence Unit (EIU, um braço de análises da revista britânica The Economist) desenvolveu um Índice de Instabilidade Política.
De acordo com o Índice de 2009, 95 países ao redor do mundo estão em uma zona de “alto risco” de instabilidade política, principalmente na África– em 2007 eram 35 países.
Segundo a The Economist, o desemprego causado pela crise financeira, está no “coração” da instabilidade política (entendida como “situações que ameaçam governos ou a ordem política existente”).
Neste ranking o Brasil encontra-se sob risco “moderado” de instabilidade.
Uma pesquisa da americana Nielsen Company aponta que em janeiro aumentou em 20% (em relação ao mesmo mês de 2008) o acesso a sites de busca por emprego & orientação profissional nos EUA: foram 49,7 milhões de visitantes únicos no início deste ano. Veja aqui o texto completo, em inglês (a Nielsen é uma empresa que mede acessos online).
Uma pesquisa do Pew Research Center for the People & the Press mostrou que para 42% dos americanos o emprego é o principal problema econômico do país (foram entrevistadas 1303 pessoas); em julho do ano passado este índice era de 13%. Os tempos estão bicudos: 44% acreditam que passarão a ganhar menos em breve.
Freqüentemente citado pela revista The Economist, o Pew Research Center tem um site que é um prato cheio para quem gosta de pesquisas & números. Há de tudo. Alguns exemplos:
Uma pesquisa mostrou que entre jovens americanos (menos de 30 anos) a Internet já é o principal meio de obtenção de notícias (para 59% dos entrevistados), empatando com TV; já os jornais impressos estão em baixa: 40% dos americanos adultos (todas as faixas estarias) afirmam pegar notícias na Internet contra 35% nos jornais.
A Agência Petroleira de Notícias (ligada ao sindicato dos petroleiros; um alerta: você abre a página e a Rádio Petroleira começa a falar, sem aviso prévio) diz que na Argentina os cortes na GM chegaram via telegrama. Veja o texto de Fátima Lacerda:
“Em Buenos Aires , o pacote de demissões da GM chegou com um telegrama, informando que 436 trabalhadores da fábrica estavam na rua, o que provocou a revolta dos metalúrgicos, que pararam as principais ruas da capital argentina, em protesto contra as demissões e a forma como foram anunciadas”.
O texto continua com uma informação interessante:
“Se a General Motors quebrar, a taxa de desemprego nos Estados Unidos, estimada em 6,5% (índice de outubro de 2008) subirá para 9,5%, levando em conta a enorme cadeia de fornecedores e negócios que afundariam junto com a GM (…). Um dado significativo é que a venda de automóveis nos Estados Unidos hoje está equiparada, numericamente, aos níveis de pós-guerra, na década de 1940”.
E a conclusão da imprensa sindical (que com o quadro recessivo passa a ser fonte de informação):
“A situação do setor automotivo é apenas a ponta do iceberg, mostrando que a crise já chegou ao mundo do trabalho. Na Europa, em setembro a procura por carros novos caiu em 8%. Alguns fábricas optaram por fechar, momentaneamente, como a Opel e a BMW. Outras reduziram salários. Os trabalhadores organizados não podem ignorar que estamos beirando tempos sombrios”.
E como hoje é sexta-feira, abaixo Astor Piazzolla y su quinteto tango nuevo interpretam Adiós Nonino, em gravação de 1980:
Rogério Pacheco Jordão (rogeriojordao@uol.com.br) é jornalista e autor do livro Crime (quase) Perfeito. Mestre em política comparada pela London School of Economics (Londres), já trabalhou na TV Cultura, Jornal da Tarde, O Globo, entre outros veículos; também atua como assessor de comunicação.