Um amigo que ocupa um cargo razoavelmente importante na Administração Pública me contou que está preocupado com o que lhe acontecerá quando deixar o posto. Segundo ele, é comum “gestores” serem processados a posteriori (ou seja, quando já estão fora do governo) por medidas administrativas tomadas. Para fazer a coisa andar na “máquina”, é necessário, muitas vezes, buscar alternativas para driblar as inúmeras normas burocráticas. Para quase tudo, porém, pode-se haver dupla interpretação e o Tribunal de Contas da União abre processos com freqüência, até para eximir-se de responsabilidades. Ou seja: na dúvida, processa o administrador (o indivíduo). Por ser honesto (e não pertencer a esquemas políticos que lhe dariam guarida), este amigo inquieta-se. E aqui termina a parte bonitinha da história.
O lado cinzento veio na segunda parte da conversa.
Como encarar um processo judicial é caro, vários ocupantes destes cargos (gente que não é de “carreira”, mas indicada) aproveitam, então, sua passagem no governo para…fazer uma caixinha “por fora” como garantia para o futuro. Não é incomum este dinheiro – fruto, no mais das vezes, de fraudes — ficar estacionado em escritórios de advocacia. Não ficou claro o que os advogados fazem com a grana caso ninguém vá aos tribunais, mas aí é outra história.
Comentei que precisa ter estômago para a Política, ao que ele respondeu: “é, não é para idealistas”.