Recentemente almocei, a trabalho para a BBC, com um empresário chinês. A China é atualmente a maior parceira comercial do Brasil (vendemos minério de ferro, soja, entre outros bens, e compramos aço, manufaturados etc).
Na avaliação deste empresário, cuja família se dividiu em 1949, parte ficando na China (e prosperando após as reformas econômicas de Deng Xiaoping) e parte fugindo (como no caso dele), o Brasil receberá investimentos maciços chineses nos próximos anos. Com muitas reservas financeiras, a China agora quer realizar o capital. “O Brasil tem sérios problemas de transporte, não tem ferrovias, e gargalos nos portos. Já os chineses têm o dinheiro”, resumiu.
E ele fez uma observação interessante sobre política internacional. Os EUA têm poderio militar mas também sérios desequilíbrios econômico-financeiros. Isto significa, segundo ele, que para viabilizar suas próximas guerras, os americanos terão que negociar com os chineses os aspectos financeiros da empreitada.
É o mundo pós-pós-Guerra Fria.
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Comentários sobre a China
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Mortalidade infantil cai em todo o Mundo
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Orçamento militar dos EUA pagaria 82 anos de Bolsa Família
Os gastos militares dos EUA sobem continuamente desde 1998, quando foram consumidos 274 bilhões de dólares. Em 2008, a cifra atingiu 607 bilhões de dólares.
As informações são do Stockholm International Peace Research Institute.
E a conta vai subir, já que orçamento militar para 2010 (assinado por Obama) chega a 660 bilhões de dólares. Para fabricantes de armas como Lockheed Martin, Northrop Grumman e Boieng Co, o céu é de brigadeiro.
E uma comparação: o orçamento militar dos EUA deste ano patrocinaria, no Brasil, 82 anos do Programa Bolsa Família (levando-se em conta que orçamento do programa para 2010 é de R$ 13,7 bilhões e considerando um câmbio de 1 para 1.7).
Ou o Bolsa Família é um trocado ou o gasto com armas exorbitante. Ou ambos.
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Os americanos e o terrorismo em 2010
70% dos americanos acreditam ser provável que aconteça um atentado terrorista nos Estados Unidos nos próximos doze meses. O número – publicado na edição de 9 de janeiro da revista The Economist — é da empresa de pesquisas YouGov Polimetrix. O levantamento foi feito alguns dias depois do atentado fracassado a um avião da NorthWest Airlines que fazia a rota Amsterdã-Detroit.
Em abril de 2009 o receio em relação a atentados era de 51%.
A The Economist ressalta que o ano não começou bem para o presidente americano Obama, que encontra dificuldades para livrar-se do figurino de “presidente da guerra”. Além do atentado – que levou ao anúncio de novas medidas de segurança – há o envio, para breve, de mais soldados para o Afeganistão.
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As empresas que fornecem armas para os EUA
Imagem: rsconnett
Acabo de ler um livro excelente: O Senhor Embaixador, do Erico Veríssimo. O protagonista é um embaixador em Washington da fictícia república centro-americana de Sacramento, às voltas com um governo ditatorial, finalmente deposto por uma revolução. Isto nos idos de 1960.
Mas lá pelas tantas, uma das personagens do livro cita um certo Major-General do exército dos Estados Unidos, Smedley D. Butler, que após servir 33 anos no Corpo de Fuzileiros-Navais, saiu em 1931 pelo país espalhando o seu livro War is a Racket (algo como “A Guerra é uma Jogatina”). Neste livro – que de fato existe — Butler descreve como campanhas militares americanas no México, Haiti, Cuba, Nicarágua, Honduras, serviram explicitamente para transformar estes países em “lugares decentes” para os negócios de empresas de petróleo, de frutas, bancos, entre outras (no final do século XIX e início do XX). Escreveu o Major-General 78 anos atrás: “Olhando para todo esse passado, sinto que poderia dar a Al Capone algumas sugestões. O mais que ele conseguiu foi operar seu racket (sua rede) em três distritos duma cidade. Nós, os Marines, operamos em três continentes”.
Clicando neste site, cheguei à pagina do Government Executive, um grupo de mídia especializado em assuntos do governo federal americano. Vale a pena dar uma olhada na lista dos maiores contratos firmados pelo governo americano com companhias na área militar (para o ano fiscal de 2008). Lideram o ranking: Lockheed Martin Corp (US$ 30 bi), Northrop Grumman Corp (US$ 23 bi) e Boeing Co (US$ 23 bi).
Quanto mais guerra, mais dinheiro para essa turma. Sob esta ótica, um atoleiro no Afeganistão não seria assim tão ruim…e um conflito com o Irã, então, já imaginou??
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De onde vem o dinheiro dos Talibans?
Imagem: Moslihh
Para quem acompanha notícias internacionais, particularmente o que acontece no Afeganistão, recomendo um texto da jornalista americana Jean Mackenzie, correspondente do Global Post em Cabul (aqui traduzido para o português pelo blog ODiario.info).
A jornalista diz que, diferentemente do que se acredita, o dinheiro dos Talibans não vem majoritariamente do comércio de ópio (o Afeganistão é o principal fornecedor de papoulas para heroína), mas sim de Estados do Golfo Pérsico e de recursos desviados…dos próprios americanos.
Segundo Mackenzie, os talibans necessitam de algo entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões ao ano para manter sua máquina de guerra. Ela aponta que boa parte do dinheiro advém de extorsões e cobranças por proteção a construtoras afegãs contratadas pelo governo dos EUA (e de outras fontes internaconais) para tocarem obras pelo país, como estradas e pontes.
Mackenzie apurou que quando fecha um contrato para obras em áreas sob influência dos Talibans, a construtora já separa 20% para os próprios. Uma espécie de pedágio, onde os Talibans permitem o término da obra, para muitas vezes, destruí-la depois (ou seja, após todos terem recebido a sua parte).
Eis a lógica da guerra na Ásia Central….
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The Economist: desemprego pode gerar crises políticas
A Economist Intelligence Unit (EIU, um braço de análises da revista britânica The Economist) desenvolveu um Índice de Instabilidade Política.
De acordo com o Índice de 2009, 95 países ao redor do mundo estão em uma zona de “alto risco” de instabilidade política, principalmente na África– em 2007 eram 35 países.
Segundo a The Economist, o desemprego causado pela crise financeira, está no “coração” da instabilidade política (entendida como “situações que ameaçam governos ou a ordem política existente”).
Neste ranking o Brasil encontra-se sob risco “moderado” de instabilidade.
Veja aqui um resumo em inglês. Abaixo, um mapa com os resultados.
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Gastos militares dos EUA chegam a US$ 578 bi
Imagem: Gadjo Dilo
Os gastos militares dos Estados Unidos chegaram, em 2007, a incríveis US$ 578 bilhões. A cifra cresce ano-a-ano desde 1998 (quando foram gastos US$ 274 bilhões). As informações são do site do Stockholm International Peace Research Institute.
Será interessante acompanhar se, com a crise financeira, estes gastos serão reduzidos – ou se, pelo contrário, a indústria bélica servirá de motor econômico para a recuperação.
Mas o fato é que do ponto de vista militar não há comparação possível.
Se somarmos o que gastaram em 2007 países como China (US$ 58 bi) e Rússia (US$ 35 bi) – ambos países não-alinhados –, mal chega-se a um quinto da verba americana.
Aliás, em segundo lugar no ranking, vem um aliado histórico dos EUA, a Inglaterra (US$ 59 bi).
Já o Irã – visto como “ameaça” – gastou US$ 6,5 bi, ou cerca de 1% do total gasto pelos EUA (no Brasil foram US$ 15 bi).
Para pesquisar, clique aqui e selecione o país (consulta fácil; dados de 165 nações disponíveis).
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Reforma em Meca causa polêmica
Foto: The Economist
O site da revista The Economist traz um artigo curioso. Segundo a revista, os planos de rei Abdullah, da Arábia Saúdita, de reformar a mesquita de Haran, em Meca (cidade sagrada para os muçulmanos), está gerando polêmica. A idéia seria ampliar a capacidade da mesquista — o principal centro de peregrinação do Islã — de 900 mil para 1,5 milhão de pessoas.
O problema é que foram chamados (ou consultados) para a tarefa dois arquitetos não-muçulmanos…e ingleses! E como na mesquisa é proibida a entrada de não-muçulmanos, se aprovados, os dois arquitetos ocidentais terão de elaborar o projeto e “acompanhar” as obras à distância.
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Imigrantes, go home!
Foto: Celopes
Em tempos de crise econômica a vida fica difícil para (quase) todos, mas uma categoria em especial sente o problema mais na pele: a dos imigrantes em países ricos.
Uma pesquisa recente do German Marshall Fund of the United States mostrou que 50% dos americanos acreditam que os imigrantes são mais parte “do problema”, do que “da solução”; já entre europeus (Inglaterra, Itália, Alemanha, Polônia, França e Holanda) este índice é de 47%.
Europeus (87%) e americanos (77%) acham que o ideal é que o candidato a imigrante tenha, para entrar no país, uma oferta de emprego; saber falar a língua também é critério importante para 87% dos europeus e 89% dos americanos.
O clima não tá legal…nos anos 1960, quando países ricos como a Inglaterra precisavam de mão de obra barata (para serviços de lixeiro, varredor de rua, etc), a receptividade era outra.
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