Recentemente li o livro Lampião – a trajetória de um rei sem castelo, de Paulo Moura. Muito interessante e cheio de detalhes sobre a vida do cangaço. Não sabia, mas até existe um termo que designa os estudiosos do tema: cangaceirólogo.
E numa parte da obra, o autor fala da presença das mulheres junto ao bando de Lampião, a começar, é claro, por Maria Bonita (na foto acima). Isto se deu a partir de 1930, na fase final do cangaço.
E abaixo transcrevo uma lista de mulheres e seus respectivos pares; achei tão sonoro que poderia até dar letra de música. Confira.
Dada (de Corisco), Neném (de Luiz Pedro), Durvalina (de Moreno), Sila (de Zé Sereno), Lídia (de Zé Baiano), Inacinha (de Gato), Adília (de Canário), Cristina (de Português), Maria Jovina (de Pancada), Dulce (de Criança), Moça (de Cirilo Engrácia), Otília (de Mariano), Maroca (de Mané Moreno), Mariquinha (de Labareda), Maria Ema (de Velocidade), Enedina (de Cajazeira), Rosalina (de Chumbinho), Estrelinha (de Cobra Viva), Hortênsia (de Volta Seca), Lacinha (de Gato Preto), Iracema (de Lua Branca), Eleonora (de Azulão), Lili (de Moita Braba), Catarina (de Sabonete), Mocinha (de Medalha), Maninha (de Gavião), Maria Juriti (de Juriti), Dora (de Arvoredo), Marina (de Laranjeira), Dinha (de Delicado).
Segundo o livro, de todas, a que mais passou tempo no cangaço foi Maria Bonita, que morreu ao lado de Lampião em 1938.
Eu não sabia, mas as cabeças cortadas de vários cangaceiros ficaram preservadas durante muitos anos em museus. As de Lampião e Maria Bonita foram enterradas, a pedido das famílias, apenas no ano de 1969, no cemitério Quinta do Lázaro, na Bahia.
Por que fulana de fulano. Há posse envolvida? caso não deveria: ser fulana e fulano.
Bela nota, super interessante,
Maria
Maria: não tinha pensado sobre essa questão da “posse”. Interessante. De todo modo, apenas reproduzi a informação tal e qual ela aparece no livro…abs, R.
No nordeste ainda é bastante comum esta forma de tratamento. Usar a expressão “de fulano” ou de “sicrana”… Não como posse, mas uma forma de apresentar a relação familiar. Assim sendo, se digo que sou Marco de Biá da farmácia estou a informar que sou o filho, ou neto, ou marido ou ou… da Biá que é pessoa conhecida na comunidade.
é importante dizer tambm que estamos falando de 1930,era assim inclusive os sobrenomes vem disso.ex maria das chagas.acho q´~n tem nada aver com pose e sim associação.
talvez também envolva sim essa questão da posse já q o Brasil foi construído culturalmente patriarcal vindo da cultura portuguesa assim como existia nos povos nativos,somente as africanas trouxeram em suas bagagens inspirações de lutas q subverteram a força do senhoril,vinda de suas tradições matriarcais já q em sua cultura a mulher tinha um contato direto com os deusxs e ser livre era reverenciar seus costumes,porém a influencia da igreja sempre foi mais forte nessas hibridizações ideológicas o q faz com q a posse passe a sentimento de respeito ao “representante alfa” nesse modelo de sociedade.
Muito muito interesante ….Gostaria de comprar o livro como faço? Sou de Curitiba.Abraços.
Leninha: comprei lá em Recife…talvez no site estante virtual você encontre…o melhor é ver no google, abs, Rogério
Caros amigos, sou o autor doLivro Lampião a trajetoria de um Rei sem castelo. Fiquei muito feliz em ver o comentário do nosso amigo à respeito do meu livro. Vou aqui responder a duas perguntas que foram feitas acima. A primeira, com relação ao nome das mulheres (fulana de fulano), é o seguinte: No nordeste, e em particular no Sertão as pessoas tem o costume de atribuir um sobrenome que lembre a presença de alguem da familia que seja mais conhecido. Isso facilita a identificação pois lá existem muitas marias e muitos josés. Por exemplo, posso citar um senhor amigo nosso em Serra Talhada com o nome de Luiz, mas todos só o conhecem pelo nome de Luiz de Cazuza (que era seu pai). O Coiteiro que mostrou o coito de Lampiao à policia era Pedro de Cândida (sua mãe, que era uma figura conhecida). Em Nazaré/PE tinha os Flor (por causa da matriarca que tinha o nome de Flor) João Flor, etc…
ok?
Agora, quem estiver interessado no livro é só entrar em contato comigo atraves do meu email
(paulodunga@bol.com.br) nas livrarias pode-se encontrar por 30,00 ou 40,00 reais. Direto com o autor sai por 25,00… que acham?
Obrigado ao todos!
Paulo Moura
Parabens pelo trecho sobre as mulheres do cangaço. A Dulce do cangaceiro ainda esta viva no interior de São Paulo. Sei desta noticia porque a mesma é tia da minha sogra (Dona Diu) e sua irmã Cícera hoje com 102 anos vive no interior da Bahia.
A história de Lampião e Maria Bonita, nos faz pensar que seja uma lenda. Em Juazeiro do Norte (Ce) ainda existe um barracão onde são guardados potes enormes que eram enchidos de água a mando de Padre Cícero para quando Lapião e seus cabras chegassem para se esconder . É muito importante ter sido conservado tudo isto para lembrar aos que ali vão que a história do cangaceiro é real. Eu ví, gostei e estou passando à voces.
senhora jô freitas. aqui em Juazeiro do Norte, o facínora do Lampião andou apenas uma vez. a convite de floro bartolomeu. não temos potes, barracões ou outros apetrechos que lembrem cangaço ou cangaceiros. o estado do ceará nunca foi invadido pelos mesmos. que grande mentira.
Quem era Maria do cangaço
O cangaço foi um meio de sobrevivência daqueles homens da época onde não existia oportunidade e o único meio era ser subescravo aceite os caprichos da oligarquias da época ou morrer ou lutar